Saiba quem é ex-servidora da Justiça de MT alvo de operação que investiga venda de sentenças
20/12/2024
Alice Terezinha Artuso foi levada à sede da PF para prestar esclarecimentos. Investigadores não deram detalhes sobre a suposta participação dela no esquema. Alice Terezinha Artuso foi levada à sede da PF para prestar esclarecimentos
Facebook/reprodução
Um dos alvos da investigação sobre venda de sentenças em Mato Grosso é a ex-servidora da Justiça Alice Terezinha Artuso.
Ela foi levada à sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos após os agentes encontrarem, entre os pertences dela, uma porção de cetamina – anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980. O material foi levado para perícia.
De acordo com o Tribunal de Justiça, Alice assinou um termo circunstanciado por tráfico ilícito, uso indevido de drogas e posse de drogas para consumo pessoal.
O g1 tenta localizar a defesa da investigada.
Alice foi servidora da Justiça em 2013 e também trabalhou no governo do estado. Atualmente, é funcionária comissionada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e atua como gerente de manutenção e serviços gerais. O salário atual é de R$ 9,3 mil.
A PF não detalhou qual seria a participação dela no esquema de venda de sentenças.
A nova fase da Operação Sisamne, deflagrada nesta sexta por determinação do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), apura a compra de casas e veículos com o dinheiro obtido na venda de decisões judiciais, segundo a Polícia Federal. As investigações identificaram sucessivas operações imobiliárias suspeitas promovidas pelos investigados.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro de imóveis adquiridos por um magistrado.
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Venda de sentenças
Em agosto, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados de suas funções no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais.
Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados
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Em 26 de novembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos dois desembargadores, durante a primeira fase da Operação Sisamnes, em Cuiabá. Na ação, a PF também prendeu o lobista Andreson Gonçalves, apontado como intermediário das vendas.
Segundo a polícia, a operação investiga os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas.
Desde então, os dois magistrados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, informou a PF. Eles também tiveram os passaportes apreendidos, além de bloqueio de bens e valores.
Em nota, o Tribunal de Justiça de MT informou que está ciente do caso e se colocou à disposição para o fornecimento de informações necessárias ao andamento das investigações.
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Investigações
As investigações começaram quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) descobriu que os dois desembargadores mantinham uma amizade com o advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro do ano passado, e recebiam vantagens financeiras para julgarem recursos de acordo com os interesses do advogado.
O grupo pedia dinheiro para beneficiar pessoas alvo de processos judiciais. Em seguida, emitia decisões favoráveis a esses "clientes", ainda conforme investigações.
A Polícia Federal também investiga negociações ligadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.
Caso Zampieri
Roberto Zampieri, de 57 anos, foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá
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O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente a seu escritório. Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro e fugiu em seguida.
A Polícia Civil indiciou o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo como um dos mandantes da morte. Conforme as investigações, o motivo do crime foi uma disputa envolvendo fazendas.